RESENHA
Introdução
Sobre a Pedagogia
(
Immanuel Kant )
O presente trabalho traz como
tema para reflexões, A Introdução do
livro Sobre a Pedagogia de Immanuel Kant, tradução de Francisco Cock
Fontanella. 3ª Ed. Piracicaba: Editora UNIMEP, 2002.
O autor inicia o texto
apresentando algumas diferenças importantes entre o homem e o animal selvagem,
entre elas: a capacidade que os animais têm de usar a sua força e o seu
instinto de forma regular para a sua sobrevivência, enquanto que o homem
precisa, além de cuidados, de disciplina para não usar suas forças naturais de
forma nociva. Segundo Kant, é a disciplina que transforma a animalidade em
humanidade. Conquistando a razão o homem sai do seu estado bruto para o estado
de civilização. Submetendo-se à Lei o homem não se desvia do seu destino: ser
humano.
Afirma o autor, que é para
este fim que as crianças são levadas cedo à escola, para adequar-se às regras,
pois depois de adultos não seria possível desviá-los da sua forte tendência à
liberdade.
O autor apresenta a educação
como a grande modeladora e transformadora do homem. E se mostra bastante
convicto quando diz “Talvez a educação se torne sempre melhor e cada uma das
gerações futuras dê um passo a mais em direção ao aperfeiçoamento da humanidade,
uma vez que o grande segredo da perfeição da natureza humana se esconde no
próprio problema da educação.”
Ele defende como verdade
absoluta, uma educação que desenvolva no homem todas as suas disposições
naturais. O autor afirma ainda que o homem não consegue cumprir por si só sua
destinação, assim como fazem os animais, que cumprem seu destino sem o saber.
Kant conceitua a educação
como arte, cuja prática necessita ser aperfeiçoada por várias gerações, porém
admite que os indivíduos ao educarem seus filhos, não poderão jamais fazer que
estes cheguem a atingir a sua destinação. Pois essa finalidade só poderá ser
atingida pela espécie humana, jamais pelo homem singular, mas afirma também que
é dever do homem tornar-se bom, produzir em si mesmo a moralidade.
De acordo com o autor, a
educação é o maior e o mais árduo problema que pode ser proposto aos homens.
Por isso ela tem que seguir um passo a frente do outro, já que uma geração
transmite suas experiências e conhecimentos à geração seguinte e assim sempre
algo será acrescentado. Porém o autor questiona se a educação do indivíduo deve
imitar a cultura que a antecede. E afirma ainda que a arte de governar os
homens e a arte de educá-los estão entre as dificílimas descobertas humanas.
Mas admite que há controvérsias sobre esses assuntos
Kant enfatiza através de
repetições em diversos trechos do texto que toda a educação é uma arte,
confirma essa ideia dizendo que as disposições naturais do ser humano não se
desenvolvem por si mesmas, uma vez que a origem e o progresso da arte da educação
é mecânica ou raciocinada, o raciocínio prevalece na natureza humana. Ele
nomeia a arte da educação como Pedagogia, e que a mesma, sendo raciocinada,
desenvolve a natureza humana de tal modo que ele possa conseguir o seu destino.
De acordo com o autor, como
princípio da pedagogia não se deve educar as crianças tendo o presente como
parâmetro, mas sim visando o futuro, pensando sempre no bem coletivo, pois o
futuro nos remete a evolução.
Entre tantas idéias
interessantes, chama a atenção as seguintes afirmativas de Kant: “Uma boa
educação é justamente a fonte de todo bem neste mundo. (...) Na verdade, não há
nenhum princípio do mal nas condições naturais do ser humano. (...). No homem
não há germes, se não para o bem.”
Kant considera que tudo o
que diz respeito à cultura do espírito humano e ao incremento dos conhecimentos
humanos são facilitados pelo poder e pelo dinheiro. Mas se prestam auxílio à
educação com dinheiro, o que é necessário, reservam-se o direito de estabelecer
o plano que lhes convém. Sendo assim, alguns poderosos desejam que o povo tenha
no máximo aumentado habilidades para assim usá-los como instrumentos em prol
dos seus interesses. As pessoas devem estar atentas, a humanidade além de mais
hábil, deve ter mais moral e empenhar-se para encaminhar esses dons para a
posteridade num grau mais elevado.
Segundo o autor, na
educação, além de ser disciplinado, tornar-se culto, ser prudente, cuidar da
moralização é o mais importante, pois deveríamos ensinar às crianças a odiar o vício, não por
motivos religiosos, mas por si mesmo, pelo seu próprio bem.
Kant defende a escola
experimental, pois sem experiência não dá pra julgar com razão se uma coisa
será boa ou má. A experiência possibilita se fazer novas tentativas.
O autor afirma que a
educação pode ser pública ou privada e que uma educação pública completa é a
que reúne ao mesmo tempo, a instrução e a formação moral. Seu fim consiste em
promover uma boa educação privada. Acrescenta que a educação pública parece
mais vantajosa que a doméstica na formação do verdadeiro caráter do cidadão.
Pois a educação doméstica carrega consigo os defeitos do âmbito familiar e
ainda os propaga.
Quanto ao tempo que o homem
precisa para ser educado, Kant afirma que até que ele possa se tornar pai e
assim, seja obrigado a educar. Após os 16 anos, o homem poderá ser submetido a
uma disciplina especializada, portanto não mais funcionará uma educação normal.
O autor diz no texto que um
dos maiores problemas da educação é o poder de conciliar a submissão ao
constrangimento das leis com o exercício da liberdade. Porém esse
constrangimento é uma condição para a conquista da liberdade. O homem precisa
sentir a resistência da sociedade para que entenda que é difícil bastar-se a si
mesmo, tolerar as privações e adquirir o que é necessário para tornar-se
independente.
Entre algumas regras
apresentadas por Kant para bem educar as crianças, está a de que é preciso
provar para elas que o constrangimento que lhe é imposto tem como objetivo
ensiná-las a usar bem sua liberdade, que a educamos para ser livre um dia.
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